25.8.16

Capítulo Cinquenta e Três




— Foi fácil demais — comentou Nick, do alto da escada. — Veja só, Joe nunca aprendeu francês, achava feminino demais para ele. Não é mesmo, irmãozinho?
— Nick... — disse Joe, ameaçador.
O que o irmão estava fazendo? Selena estava sentada no colo de Nick. Uma expressão de puro contentamento surgiu no rosto dos dois ao verem que o cachorro impedia Joe e Demi de chegarem ao quarto.
— Autocontrole faz bem — explicou Selena, beijando o pescoço de Nick.
— Não, sério. Estamos fazendo um favor a vocês dois.
— Como vocês se livraram da vovó? — perguntou Joe. — Ela não ia deixar os dois sozinhos.
Nick abriu um sorriso.
— Sr. Casbon. Parece que ele está se sentindo muito sozinho, desde que vovó decidiu ficar plantada aqui no corredor. Bastou uma ligação, e lá foi ela.
Joe queria socar o irmão até que aquele sorrisinho sumisse do rosto dele.
— Está bem, você ganhou. É mais inteligente que uma pulga. Podemos subir?
Selena e Nick se entreolharam como se perguntassem um ao outro: o que você acha? Demi resmungou atrás de Joe.
— Pensem nisso como um exercício para aprenderem a trabalhar em equipe — respondeu Selena, por fim. — Vocês terão de unir forças, se quiserem conseguir subir as escadas e chegar ao quarto, e nós iremos ignorar seus pedidos de socorro.
— E por que estão fazendo isso? — perguntou Joe.
— Perdemos um desafio — respondeu Selena, entre os dentes. — Parece justo que a gente tenha alguma compensação.
— Por que todos nós não podemos receber uma compensação?
— Porque, por sua culpa, vovó vai cantar no casamento — respondeu Selena. — Portanto, nós ganhamos compensação e vocês ganham... — Ela apontou para o cachorro. — Charles Barkley.
Nick e Selena comemoraram com um “toca aqui” e saíram do corredor, deixando Joe e Demi sozinhos com o pequeno cachorro.
— Quão perigoso ele pode ser? — Joe estendeu a mão na direção do cachorro, que começou a rosnar e a mostrar os dentes. — Ele está fingindo, não é? Você é bonzinho, não é, Charles? — Ele tentou de novo. Dessa vez, o cachorro quase arrancou um dedo dele. — É, acho que não é uma boa ideia nos aproximarmos muito. — Demi o puxou para trás.
— Pode ser que ele decida morder outra coisa, e tenho certeza de que isso acabaria com a noite.
Joe coçou a cabeça.
— O que a gente vai fazer? Ele está controlando o caminho para o nosso quarto, e os quartos de hóspede estão ocupados com os convidados do casamento.
— A gente pode gritar na porta do quarto de Amy, dizendo que a casa está pegando fogo, e depois a deixamos trancada do lado de fora — sugeriu Demi, esperançosa.
— Demi. — Joe segurou uma de suas mãos. — Seja melhor do que ela.
— Preciso mesmo?
— Só tente. — Joe deu uma risadinha e a puxou para seus braços, beijando-a com voracidade. O cachorro, claramente agitado, começou a latir. Joe se afastou, reclamando. — Pare de latir!
O cachorro latiu ainda mais alto e se encolheu como se estivesse prestes a pular.
— Shh! — Demi apontou para o cachorro. — Nada de latir!
O cachorro parou por dois segundos, até que começou a uivar.
— Odeio a vovó. — Joe praguejou. Demi se escondeu atrás dele. — Nossa, obrigado! Como foi que, de marido, passei a ser seu escudo humano?
Demi riu.
— Bem, estamos casados.
— É verdade.
— O que vamos fazer?
O cachorro não ia sair dali, isso era óbvio, e Joe não ia correr o risco de deixar que o animal mordesse suas partes íntimas. Sem outras ideias, ele se virou para o corredor.
— Já sei.
Dez minutos depois, eles estavam de volta à casa da árvore. Mas dessa vez tinham cobertores, mais vinho e pipoca. Joe segurou a mão de Demi, envolvendo-a na sua, enquanto olhava o rio pela janela.
— Quanto ao seu trabalho...
— Que se dane o meu trabalho! — Demi abraçou o pescoço dele e se sentou de pernas abertas no colo do marido. — É só isso, um trabalho.
— Mas você gostava dele de verdade. — Joe se liberou do abraço de Demi, desejando olhá-la nos olhos. — Você e Selena costumavam apresentar o jornal da manhã aqui na casa da árvore, quando tinham 7 anos. Tenho certeza de que era seu sonho.
— Eu gostava de contar histórias. E gostava de escrever... — Ela deu de ombros. — Gosto mais de você. Às vezes, as coisas que realmente queremos na vida estão sob o nosso nariz. Joe riu.
— Nossa, assim vou ficar vermelho! Foi um elogio bem sexy. Que bom que você gosta de mim... Será que podemos começar a sair e, quem sabe, um dia até nos casar? Ah, espere um pouco.... — Ele bateu a mão na testa. — Nós invertemos a ordem!
— Não. — Demi encostou a testa na dele. — A ordem inversa para uns pode ser a certa para outros.
Joe a fitou, e no seu olhar havia a promessa de que nunca a deixaria partir.
— Acho que gosto de fazer as coisas ao contrário.
Demi sorriu, e seus olhos azuis brilhavam ao luar.
— Eu também.

*****

Falta relativamente pouco pra acabar. Amanhã tem mais, beijos 

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