25.2.16

Capítulo Quarenta e Três




Ele não podia afogar os problemas na bebida, nem galinhar por aí até que os esquecesse. Era como se, para cada passo que ele dava na direção de Demi, tivesse de dar outro para trás. Sim, ainda estava furioso com o fato de ela ter planejado vender informações da sua família em prol do trabalho, mas, quanto mais pensava no assunto, mais a respeitava por ter dito não ao chefe. Ela precisava de um emprego. E nisso ela era diferente dele.
Ele poderia passar o resto da vida ostentando, e ainda assim teria mais dinheiro do que poderia contar. Demi, no entanto, não tinha poupança, caso precisasse. Também não tinha uma mansão multimilionária que pudesse vender, nem dez carros importados. Ela precisava comer e pagar as contas, coisas com as quais Joe nunca tinha precisado se preocupar. Nunca. Ele já tinha planejado tudo: faria alguma piadinha para quebrar o gelo e depois pediria desculpas por ter se descontrolado na noite anterior. Mas então eles tiveram que substituir os noivos naquela maldita cerimônia, e tudo pareceu tão real que ele começou a tremer ao segurar as mãos de Demi.
Quando disse aqueles votos, estava falando sério. Pela primeira vez na vida, queria que o compromisso fosse real. Droga, queria que ela visse além da máscara dele e o aceitasse! Naquele momento, quando ela segurou as mãos dele, quando ele a olhou diretamente nos olhos azuis, seu coração implorava para que ela visse mais do que todos antes já tinham visto. Pensou que, se existia uma pessoa capaz de ver mais que suas inseguranças, essa pessoa era Demi.
Mas, em vez de fazer isso... Ela o deixou exposto como um fio desencapado, para que todo o mundo visse. E, pela primeira vez na vida, Joe ficou sem saber o que dizer para melhorar sua situação. Ele a chamou de escrota e foi embora — outra vez. Foi embora. Era assim que lidava com as coisas? Ia embora e ficava deprimido? Não queria mais ser esse tipo de homem, o tipo que ignorava todas as emoções, que as enfiava na parte mais distante do cérebro e se embebedava para esquecer que as tinha. O problema em finalmente lidar com os demônios do passado era que eles tinham feito parte dele por tanto tempo que viraram quase uma espécie de conforto, ou, no caso dele, uma muleta. Joe ainda tinha problemas com a morte dos pais de Selena — nunca superaria o fato de que os dois foram tirados dele e da amiga. E achava que nunca se encaixaria nos padrões rígidos do pai sobre como um Jonas deveria se comportar. Além disso, havia a própria crença de que não seria capaz de amar alguém como as pessoas mereciam ser amadas. Passara a vida inteira com medo de compromissos, mas só agora percebia que estava em uma relação havia vinte e três anos. Estava preso a si mesmo, em um relacionamento com os próprios demônios.
A coisa mais importante em sua vida sempre fora aproveitar o momento, viver para si mesmo. É comum que os pais alertem os filhos dos perigos dos relacionamentos ruins com outras pessoas – por que nunca os avisam dos perigos de se relacionarem mal consigo mesmos? Com o próprio coração? Joe foi para os fundos da casa, até o deque com vista para o rio. Com um suspiro, sentou-se na beirada e ficou observando um restaurante flutuante que navegava lentamente. A vida era tão mais fácil quando ele era criança! Quando suas únicas preocupações eram se a mãe tinha lavado o uniforme de basquete a tempo ou se as outras crianças da escola queriam jogar futebol. Ser adulto era uma merda. E finalmente perceber que era um babaca egoísta não ajudava muito.
— Posso me sentar? — perguntou Nick, atrás dele.
— Claro — respondeu Joe.
— O tempo está ótimo. — Os joelhos do irmão estalaram quando ele se sentou ao seu lado. Joe assentiu e continuou olhando para a água. Se encarasse o irmão, provavelmente surtaria — estava no limite. — Quer me contar o que está acontecendo? — perguntou Nick. Respirando mais fundo, Joe inclinou o tronco para trás, apoiando-se nas mãos, e sacudiu a cabeça.
— Não muito. Joe percebeu um movimento com o canto dos olhos. Então viu Nick tirar um pequeno envelope do bolso.
— Bem, olhe só. Eu nunca quis lhe entregar isto aqui.
— Quer o divórcio? — Joe tentou soar brincalhão, mas estava um pouco assustado. O que poderia estar naquele envelope? Nick revirou os olhos.
— Você não vai se livrar de mim assim tão fácil. Não, não é nada do tipo. É só... — Ele soltou um palavrão. — Este ano, Selena finalmente leu algumas das cartas que os pais dela deixaram com o testamento. Parece que eles adicionaram mais coisa no documento um ano antes de morrer e adicionaram algumas palavras para os mais queridos, só por precaução.
Joe mordeu o lábio inferior e desviou os olhos quando as lágrimas ameaçaram sair. Era por isso que nunca falava dos próprios sentimentos. Só de conversar sobre os pais de Selena, sentia o peito doer. Mas que droga! Por que eles tiveram que morrer daquele jeito? Por que tinha que ter acontecido na mesma noite em que Joe fora pego fazendo outra coisa irresponsável? Por que ele não tivera a chance de pedir desculpas ao pai de Selena? Nick entregou o envelope a Joe.
— Este aqui é para você.
— Para mim? — Joe pegou o envelope. — Por que vai me entregar isso agora? Por que só agora?
Nick deu um sorrisinho.
— Porque minha futura esposa é persistente... — Ele cutucou Joe. — E porque havia instruções específicas para só o entregar a você quando certa coisa acontecesse.
— Ah, é? Que coisa? Quando eu ficasse maluco? Nick umedeceu os lábios e desviou os olhos.
— Não. Quando você se apaixonasse.
— Acho que estamos tendo um momento especial — brincou Joe.
— Cale a boca. — Nick deu uma risada. — Eles escreveram cartas para a família e os amigos. Parece que a mãe de Selena gostava muito de fazer anotações. Tem um caderno cheio de pensamentos e poemas. De qualquer forma, só restaram duas. Uma para Selena, para que ela lesse no dia do casamento, e outra para você...
— E você? Também ganhou uma carta? — perguntou Joe. Nick sacudiu a cabeça.
— Eu ganhei Selena. Acho que veremos o que a carta dela diz amanhã, quando dissermos os votos. Você ainda tem planos de levá-la até o altar com papai?
Joe lutou contra as marteladas no interior da cabeça e assentiu.
— Que bom. — Nick deu um tapa nas costas do irmão. — Vou deixá-lo sozinho com isto. — O irmão indicou a carta. — A gente se vê durante o jantar.
Joe apertou a carta nas mãos e esperou enquanto Nick saía. Com os dedos trêmulos, ele abriu o selo e retirou do envelope um pedaço de papel. O conteúdo era curto e direto, escrito em garranchos.
Eu sabia que isso ia acontecer. Disse isso à Rose hoje mesmo, pela manhã, e ela riu da minha cara. Eu me pergunto se foi Selena quem finalmente despertou seu interesse. Ah, um pai sempre sabe! Você olha para ela como um homem olha para a melhor amiga. Dá para perceber. De qualquer forma, nunca conversamos sobre aquela noite, Joe. Sabe de qual estou falando. Bem, duvido de que vá se esquecer de ter cavado buracos no jardim e se desculpado várias vezes por ter sido pego com drogas na companhia de mulheres com quem não devia se meter. Você sempre foi muito espirituoso. Joe, naquele momento eu sabia que você provavelmente cresceria e se tornaria um daqueles empresários executivos. Aqueles com carros chiques e mulheres fáceis. Dava para ver isso em você, e tenho que admitir que fiquei um pouco assustado ao pensar em você e Selena juntos. Acho que vou ter que confiar em que continua aí dentro o que lhe ensinaram quando você era pequeno. Deve ter continuado se depender daquela sua avó. Rose disse que precisamos escrever cartas para nossos amigos e a família, só por precaução. Sei que você deve estar se perguntando por que escrevi uma para você. Você sempre foi como um filho para mim, Joe. Eu o conheço desde que você usava fraldas. Mas hoje me ocorreu uma pergunta: e se eu não chegar a vê-lo crescer? E se eu não estiver no seu casamento? E se eu não puder fazer parte da sua vida, do seu futuro? Quando envelhecemos, pensamos no passado, nos nossos arrependimentos. Meu maior arrependimento é de não ter conversado uma última vez com meu pai, antes de ele ir para o outro mundo. Embora você tenha um pai maravilhoso, sempre me senti como uma segunda figura paterna para você. Dito isso, Joe, quero que saiba que tenho muito orgulho de você. Imagino que já tenha passado por sucessos e fracassos, mas, mais do que isso, estou orgulhoso por você ter encontrado alguém a quem valha a pena se apegar. Quando os homens se apaixonam, eles se apaixonam mesmo. A queda é terrível, caem de bunda na água e sem salva-vidas. Você é um desses homens, Joe. Quer um conselho? Seja homem. Não se deixe afogar. Não corra nem nade para longe da segurança do barco. O barco é a sua casa, a sua família, a sua vida. Já aquilo que o faz flutuar, sua boia, sempre será sua esposa, sua parceira. Sem algo em que se agarrar, você se afoga. Sem alguém que se agarre a ela, a boia também não tem propósito. Então, já deu para entender que vocês precisam um do outro... Precisam se apoiar um no outro para tudo. Nunca se esqueça de que, se não vale a pena lutar por algo, não vale a pena tê-lo. Quando você pensar em desistir, quando achar que não é bom o bastante, lembre-se de que ninguém é. Nenhum de nós merece as mulheres em nossas vidas, mas ai de nós se não nos esforçarmos a cada dia para nos tornarmos dignos do amor delas! Acho que o que estou tentando dizer é... Ame, agrade, aprecie essa mulher e, pelo amor de Deus, filho, é melhor você provocar mais sorrisos que lágrimas! Para o meu segundo filho... e sua nova esposa... que a cama de vocês seja cheia de risadas; as noites, cheias de prazer; a casa, cheia de cheiro de comida gostosa; e os corações, cheios de alegria. É para isso que estamos neste mundo — para amar.
Joe engoliu o gigantesco nó na garganta e enfiou a carta no bolso. Maldito fosse Bill, por fazê-lo se sentir como uma mulher emotiva! Ele a amava? Demi? Sua respiração ficou acelerada quando começou a pensar nas últimas semanas. Sim, tinham acabado de se reencontrar, mas ele a conhecera a vida toda. Conhecia as sardas em seu quadril, sua aversão a picles, ou a qualquer coisa verde, e também sua risada. Ah, conhecia bem a risada dela! Ele se sentia como um super-herói toda vez que a fazia rir. E, no momento, se sentia um babaca, porque fazia tempo demais que Demi não dava uma risada, e ele realmente ajudara a provocar as lágrimas dela. Soltando um palavrão, ele se levantou do deque e voltou para a casa.

*****

Não demorei muito dessa vez aushuahs esperei uns dias pra vocês perceberem que eu tinha voltado, mas entrei todos os dias pra ver.. Não falta muito pra acabar, uhul.
Amanhã ou depois posto outro, beijos 

22.2.16

Capítulo Quarenta e Dois




Demi ficou encarando a porta fechada, atônita. O que tinha acabado de acontecer? Joe havia mesmo acabado de lhe dar conselhos sobre como ser uma boa amiga? Depois de a iludir e levar Amy para um quarto, para que eles se pegassem? Aquele cara não fazia o menor sentido! E ainda tinha tido a audácia de dizer que o que Demi supostamente estava fazendo era algo baixo? Ela nem ia fazer as entrevistas! Tinha decidido sacrificar o emprego — um emprego do qual ela por acaso precisava para sobreviver — porque não queria trair os amigos.
O imbecil não tinha nem mesmo lhe dado a chance de se explicar! Mais uma vez, a atitude arrogante de sabe-tudo de Joe tinha vindo à tona, deixando-a confusa e de coração partido. Demi o vira beijando com vontade sua inimiga número um, e Joe é que lhe dava um sermão, como se fosse ela quem tivesse partido o seu coração! Como sempre tivera dinheiro, Joe nunca entenderia a hesitação entre fazer e não fazer a reportagem. Ele não percebia como coisas básicas — ter dinheiro para pagar o aluguel, comer, não decepcionar os pais mais uma vez! — podiam ser tentadoras.
Com um gemido, ela se jogou na cama e xingou Joseph Jonas de todos os nomes possíveis. Aquilo estava virando um hábito. Talvez, se o xingasse o suficiente, seu coração parasse de doer. Tão perto, mas tão longe. Joe quase não dirigiu a palavra a Demi durante o sábado. Na verdade, só se falaram quando ele pediu para usar o fio dental, naquela manhã.
Ela o balançou na frente dele, esperando que Joe fizesse alguma piada. Em vez disso, ele o pegou, passou nos dentes e saiu do quarto. E, para piorar as coisas, Demi tinha acabado de ser demitida. O prazo chegara ao fim. Era possível que sua carreira de repórter estivesse arruinada. Demi olhou o relógio de pulso. Já eram cinco da tarde, e Selena e Nick ainda não tinham voltado da cidade. Os dois haviam saído para resolver algum problema de última hora. Ela tentou ligar para o celular de Selena outra vez, mas ninguém atendeu. Todos estavam ficando inquietos. Demi começou a andar de um lado para outro em frente ao terraço. Meia hora depois, vovó atravessou a porta.
— Eles não vão conseguir chegar a tempo para o ensaio — avisou. — Os pneus furaram.
— Pneus? Furou mais de um? — perguntou Joe, levantando-se do banco de madeira.
— Infelizmente, sim. Parece que alguém os cortou.
Petunia sacudiu a cabeça.
— Portland está cheia de gângsteres. Deve ter sido um desses marginais.
— É. — Joe deu um sorriso sarcástico. — Porque conhecemos muitos gângsteres que querem acabar conosco.
Petunia enrijeceu.
— Vamos ter que continuar sem eles. — Vovó esfregou as mãos. — Demi, você é a dama de honra. Vai substituir Selena. Joe, como padrinho, você fica no lugar de Nick.
Demi sentiu o estômago revirar. Deus era mesmo cruel. O único cara por quem ela se apaixonara desde a escola ocupava o lugar do noivo, só que não de verdade. Outra vez tão perto. Sentiu um aperto no coração ao encará-lo, porque sabia que aquilo nunca aconteceria de verdade. Era alguma piada horrível do Universo. Ela seguraria a mão de Joe. Ele fingiria colocar um anel na dela. E, depois, ele iria embora. Demi se sobressaltou quando vovó apitou.
— Ordem, pessoal!
— A gente não está em um tribunal! — resmungou Joe.
— Preciso de ordem! — Vovó apitou outra vez, e agora bem no ouvido do pastor. O homem fez uma careta de dor e desviou o olhar. Pobre coitado! — Agora, as meninas se espalham pelo gazebo. Perfeito. — Ela apontou para os homens. — E vocês, fiquem alinhados do outro lado. Ah, ficou ótimo!
Estava horrível, mas ninguém pediu a opinião de Demi, então ela ficou quieta. Por outro lado, podia ser apenas por causa de seu péssimo humor.
— Pastor. — Vovó ergueu uma das mãos, em vez de apitar, graças a Deus!
— Sim, Nadine?
— Pode, por favor, realizar a cerimônia inteira? Quero ter certeza de que os microfones estão funcionando e que conseguiremos ouvir o noivo e a noiva.
— Mas é claro. — O pastor sorriu e estendeu a mão para Joe. — Sou Jim.
Joe apertou a mão dele. O pastor Jim se virou para Demi.
— E você deve ser a dama de honra.
Ela sorriu para ele, tensa, enquanto devolvia o aperto de mão.
— Fiquem parados aí, os dois. — Ele os empurrou, aproximando-os. Demi quase bateu no peitoral musculoso de Joe. Os olhos dele estavam distantes, como se tentasse mantê-la fora do mundo dele. Ela quase podia ver o abdome definido através de sua blusa preta justa. Baixou os olhos, o que não adiantou muito, porque então passou a fitar os jeans rasgados caros e as botas Mark Nason, que deviam custar mais que o carro dela. — Queridos presentes — começou Jim, e em seguida recitou as boas-vindas e a oração. — Agora, vamos aos votos. Deem as mãos e repitam comigo.
— Eu, Joseph Jonas — começou Jim. Joe pigarreou. Suas mãos estavam tão quentes quando seguraram as de Demi!
— Eu, Joseph Jonas... — começou ele, ficando meio rouco ao continuar: — Aceito você, Demetria Lovato, como minha esposa, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença. — Sua voz falhou quando ele a olhou nos olhos. — Para amá-la e respeitá-la, para apreciá-la, para que seja minha melhor amiga, deste dia em diante, até meu último suspiro. Eu serei seu enquanto vivermos.
Demi teve de morder o lábio para não chorar. Era tudo o que sempre quisera ouvir Joe dizer. Joe fechou os olhos quando acabou de falar.
— Agora é sua vez, Demi. — Jim pigarreou. — Repita comigo. Eu, Demetria Lovato... — Demi repetiu os mesmos votos. Na metade do caminho, suas mãos começaram a tremer. Joe abriu os olhos e mexeu a boca, dizendo tudo bem. Então ela continuou. Quando terminou, seu coração estava batendo tão forte que tinha certeza de que Joe podia ouvi-lo. Ele deu um sorriso triste quando tiveram de soltar as mãos. Jim se dirigiu aos convidados inexistentes. — Nick e Selena, ou, neste caso, Joe e Demi, manifestaram o interesse de escrever os próprios votos um para o outro. Vamos ouvi-los agora. Ele entregou o microfone para Joe. Sem saber o que fazer, Joe o devolveu. O pastor sacudiu a cabeça. — Nada disso: Nadine precisa ouvir sua voz. Duvido de que vá ser um problema falar sobre uma garota bonita como Demi.
Merda. Ele iria humilhá-lo na frente de todos.
— Sempre gostei de garotas bonitas — disse Joe, com uma risada, estragando o breve momento feliz de Demi. — E posso dizer, com sinceridade, que Demi é a mais bonita que já conheci.
As madrinhas suspiraram atrás dos dois.
— Pena que seja maluca. — Ele piscou. — Maluca mesmo. Ela me ameaçou mais vezes do que eu gostaria de admitir. Nem me perguntem sobre presentes de casamento e farmácias. Alguns dos meus momentos mais felizes foram com ela... e alguns dos piores também. — Ele fez uma pausa. — Talvez o amor seja isso. Compartilhar os bons e os maus momentos e torcer para que Deus permita que a pessoa continue esperando por você do outro lado. Casamento é um exercício de confiança. Sempre me considerei um cara que gosta de correr riscos. O maior risco de todos é ir atrás de uma pessoa com todo o seu coração, sabendo que é bem possível que ela não o queira da mesma forma.
Demi não sabia se ria ou chorava. Todos estavam em silêncio. Um carro apareceu na entrada da casa. Eram Selena e Nick. Vovó soou o apito.
— Termine a cerimônia, Jim.
Demi sacudiu a cabeça.
— Mas...
— Termine! — gritou vovó enquanto ia para a entrada.
— Você a aceita?
— Hã, sim?
— Você o aceita?
Demi estreitou os olhos enquanto assentia.
— Você precisa dizer. — Jim riu, nervoso.
— Está bem. Sim, eu o aceito.
— Então, com o poder a mim concedido pelo estado do Oregon, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva!
Todos aplaudiram, sem jeito, até que Joe deu um passo para a frente e puxou Demi para um beijo devastador, que derrubou todas as defesas que ela erguera naquela manhã.
— Parece que eu me casei com uma maluca.
— Melhor do que se casar com o galinha e seu harém! — retrucou Demi, irritada, empurrando-o. O pastor tentou separá-los, mas eles estavam muito próximos.
— Isso é ciúme, na sua voz? — Joe bufou com desdém.
— Ciúme? — repetiu Demi, que então jogou a cabeça para trás e riu. — Sim, estou com muito ciúme de todas as mulheres com quem você dividiu a cama! Pelo menos deixei só uma marca na sua cabeceira, se você me entende.
— Duas. — Joe sorriu, sarcástico. — Você deixou duas marcas, e sabe por quê.
Demi avançou nele, mas Jim se enfiou entre os dois.
— Pode rir quanto quiser, Joe. Mas, daqui a dez anos, quando eu estiver casada e com filhos, vivendo uma vida feliz, você será só um solteirão solitário.
Ela não conseguia conter as palavras. Era como se toda a dor acumulada dentro dela finalmente estivesse abrindo caminho à força. A rejeição dele abrira tantas velhas feridas, coisas que ela mantivera escondidas por muito tempo. O sorriso dele sumiu.
— Melhor ser um solteirão que uma escrota.
Todos os presentes ficaram em silêncio. Nick andou até eles, enfiando as mãos nos bolsos.
— Então, o que a gente perdeu?
O pastor Jim continuava entre Demi e Joe, e seu rosto estava muito vermelho ao dizer:
— Uma união abençoada.
Joe soltou um palavrão e foi embora. Selena chegou e parou ao lado de Nick. Ela seguiu com os olhos a silhueta de Joe, que desaparecia a distância. — O que aconteceu?
— O que sempre acontece com Joe? — Demi deu de ombros. — Ele está indo embora.

*****

Meu Deus, me desculpem! E li todos os comentários e, caramba, vocês são as melhores leitoras do mundo. Sei que a história não é minha, mas eu amo postá-la e, apesar de não andar demonstrando muito e de estar dando mancada com vocês, também amo muito, muito, cada uma de vocês. Obrigada por serem tão carinhosas e estarem sempre aqui.
Milena, por favor, me chama no whats, amor, que saudade! Desde que troquei de celular não tenho mais seu número, quero falar contigo, mulher.
Beijos, amores!