JOE SEGUIU Demi pela escadaria acarpetada, o olhar traçando os
contornos da curva sedutora de suas costas, que estavam nuas naquele vestidinho
de seda, descendo até o requebrar dos quadris, digno de fazer a boca encher
d’água.
O olhar dela quando vira o casal mandando ver na alcova fora
impagável. Joe não tinha planejado que aquele tipo de coisa fosse ocorrer, mas
sabia que era uma forte possibilidade. Aquela boate tinha a reputação de fazer
vista grossa para as inclinações dos clientes, contanto que houvesse uma
pseudossaída para o gerente, como a alegação de que as alcovas eram para
conversas e que as cortinas garantiam privacidade.
Ele, honestamente, não tinha a intenção de oferecer a ela uma
oportunidade de cancelar a aposta, mas se sentia tão canalha, arrastando uma
ovelhinha inocente para um bando de lobos excitados, que dissera aquilo sem
pensar.
– O sobrenome é Jonas – disse Joe à recepcionista, quando chegaram
ao topo da escadaria.
Assim que ele pôs a mão sobre a curva suave do quadril de Demi
enquanto seguiam a recepcionista, ficou muito feliz por ela ter jogado a oferta
na cara dele.
Não que ele sentisse que intimidade ou qualquer um dos disparates
pretendidos por ela fossem tão vitais. Mas tinha de admitir, apenas para si,
que ele estava mais interessado em Demi do que estivera por qualquer mulher de
seu passado.
Ambos murmuraram um agradecimento à recepcionista quando ela
indicou a mesa deles. Joe olhou ao redor e assentiu. Perfeito.
Ambos estavam isolados, nos fundos de uma varanda envidraçada, com
uma visão clara da pista de dança. O vidro bloqueava o barulho, então era como
assistir a uma orgia virtual de corpos emaranhados em um rito sexual.
Ele olhou para Demi para ver se ela havia notado, mas ela estava
olhando, boquiaberta, para as dançarinas dentro das gaiolas naquele mesmo piso.
Quatro mulheres, todas bem untadas com óleos e flexíveis, esfregando suas
partes em mastros de aço cromado. Diferentemente dos homens em geral, que
demonstrariam apreciação automática por aquela pele feminina tonalizada pelo
óleo, Joe estava bem alheio ao espetáculo. Mas Demi não. Ela parecia corada e
seus olhos estavam arregalados enquanto ela adentrava na cabine mal-iluminada.
Joe a notou requebrando levemente, como se estivesse se imaginando
em volta de um daqueles mastros, deslizando para cima e para baixo. Ele
imaginou como ela ficaria ali, aquelas longas pernas maravilhosas, nuas e
escorregadias, e se remexeu na cadeira. Droga. Um ambiente cheio de mulheres
seminuas e ele não tinha qualquer reação, e o simples pensamento das pernas
nuas de Demi e ele estava excitado. Depois de tanto esforço para demonstrar
indiferença.
– Você vem sempre aqui? – perguntou Demi, numa tentativa óbvia de
aparar as arestas de tensão sexual se projetando ao redor. Assim que as
palavras saíram, ela lhe lançou um olhar arrependido e revirou os olhos. – Isso
é uma cantada pronta, não é? Deve ser a atmosfera, colocando clichês na minha
cabeça.
Sentando ao lado dela no banco, Joe olhou para o verdadeiro
açougue lá embaixo e deu uma risada. Ela estava certa.
– Só estive aqui uma vez – admitiu ele. – Foi para pesquisa.
Esperemos que a atmosfera não tenha jorrado clichês no meu livro.
Ela olhou ao redor, umas ruguinhas bonitinhas lhe enfeitando a
testa. Então a boca ficou em formato de “O”, o movimento dando uma pontada de
luxúria bem no meio do peito de Joe. O que era mais fascinante? A boca ou a
mente de Demi?
– Laço de carrasco, certo? – Ela largou o cardápio e se inclinou
para a frente, um movimento que ele viera a reconhecer como sua pose para
discussões. – Um livro brilhante. Você usou o ambiente de um jeito tão eficaz,
criando drama e... bem, terror repentino. Não tem nada de clichê naquele livro.
Ah, sim, Joe sorriu de prazer. A mente dela era mais fascinante. Muito
mais. É claro, não era nada mau também o fato de ela vir em uma embalagem tão
linda, com aquela boca deliciosa incluída. Ele esticou a mão para tocar o
contorno da mão dela, notando as unhas benfeitas.
Demi obviamente era uma mulher que sabia como se portar.
– E, mesmo assim, você alegou que as cenas de amor eram... como
foi mesmo que você disse? Emocionalmente rasas?
Ela comprimiu os lábios por um segundo. Ele pensou ter sido de
vergonha, até perceber o humor oscilando em seus olhos.
– Para ser exata, eu disse que eram eroticamente carregadas, mas
emocionalmente rasas. Você poderia diminuir esse beicinho caso se lembrasse da
primeira parte também.
Beicinho? Joe se sentiu tateando o próprio tórax para ver se tinha
desenvolvido seios.
– Não sou uma garota, não faço beicinho.
– Do quê chama isso, então? Você obviamente ficou chateado com
minhas resenhas, embora eu fique perplexa com o fato de elas terem captado mais
atenção de sua parte do que as resenhas dos grandes jornais e revistas. Você
ficou tão fora de si que viajou até a costa leste só para me confrontar na TV.
– Ela arqueou uma sobrancelha. – Você até mesmo arquitetou toda a coisa da
aposta antes mesmo de colocar os pés no estúdio.
– Nem toda – admitiu ele, enquanto seu dedo trilhava na pele macia
do braço dela até o ombro, nu sob a alça fininha de seda. – Se você se recorda,
foi você que estipulou os parâmetros da aposta, os critérios para definir o
vencedor e tudo o mais.
– Exatamente como você queria que eu fizesse.
Mais um ponto para ela. Joe não se deu o trabalho de discordar,
afinal ambos sabiam que ela estava certa. Em vez disso, deslizou sua mão
errante pela curva do pescoço dela, deslizando os dedos pelos cachos.
– Há muitas outras coisas que quero que você faça – murmurou ele.
– Que tal se a gente verificar se você está aberta a alguma delas?
O calor lampejou nas profundezas castanhas dos olhos dela, como
chocolate derretido. Ele aguardou para ver se ela recuaria. Em vez de disso, Demi
lambeu os lábios e inclinou a cabeça para um lado, como se decifrando um
quebra-cabeça. Ele conseguia enxergar sua pulsação, que batia claramente sob a
pele deliciosamente aveludada do pescoço.
– Por que não me mostra algumas? – falou ela finalmente, num
sussurro rouco e delicado.
Joe mal conseguia escutá-la acima do barulho da boate, porém o
corpo dele reagiu instantaneamente.
Sem uma palavra, a boca dele tomou a dela, um deslizar
escorregadio nos lábios doces pintados de gloss. O sabor dela era... perfeito.
Ele nunca sentira nada tão perfeito. Enquanto ele ainda estava absorvendo o
choque, ela se tornou voraz. Colocando uma das mãos atrás da cabeça dele, e a
outra em seu peito, a boca de Demi assumiu o controle, levando Joe a um passeio
ousado, selvagem e repleto de prazer.
Joe a agarrou com as duas mãos e tirou o máximo proveito da paixão
dela. As mãos dele mergulharam fundo no cabelo de Demi antes de ele deslizar
uma delas pelo seu corpo, lenta e gentilmente. Os dedos roçaram no seio, se
deleitando em seus arfares acelerados. Uma das palmas se fechou sobre o recuo
delicado da cintura, então desceu mais além, até a maravilha luxuriosa da perna
longa e macia.
Joe gemia de encontro à boca de Demi enquanto a mão agarrava uma
coxa nua. Ela se contorceu, de modo que uma das pernas ficou inclinada para
ele, e a outra se posicionou ao longo da panturrilha de Joe. Ele a puxou para
mais perto, mudando de posição para protegê-los dos olhares do restante das
pessoas. Demi agarrou os ombros dele, massageando-lhe a pele como um gato
satisfeito. Ele queria ver se era capaz de fazê-la exibir aquelas garras,
deixá-la louca até a paixão dominar aquele cérebro sexy dela.
Repentinamente obcecado em fazê-la desejá-lo tanto quanto ele a
desejava, Joe aprofundou o beijo. Enquanto ele explorava as profundezas
delicadas de sua boca, a mão lhe acariciava a perna. O tecido pesado do vestido
bordado foi um contraste intenso à pele sedosa quando os dedos dele mergulharam
por baixo, buscando o calor úmido garantido para levá-lo ao limite.
Os dedos acariciaram uma vez, então duas, no cós de renda que
arrematava a calcinha de seda. Os dedos de Demi apunhalavam os ombros dele, e
uma das mãos desceu rapidamente para agarrar o pulso de Joe em protesto. Quando
o membro dele fez uma pressão exigente e dolorosa de encontro à braguilha de
sua calça, Joe passou a língua nos contornos dos lábios de Demi, acalmando-a
com beijos suaves até ela o soltar.
Lentamente, tão lentamente que estava acabando com ele, Joe
deslizou os dedos para debaixo da renda elástica da calcinha dela. Demi
suspirou profundamente de prazer quando ele encontrou os cachos úmidos
aguardando por ele, o calor oferecendo uma recepção erótica.
Ele a sentiu ofegar de encontro à sua boca, o corpo enrijecendo,
mesmo quando ela chegou mais perto dos dedos curiosos dele. Joe molhou o dedo,
só a pontinha, no calor suculento e o rodopiou sobre a carne intumescida e
hipersensível que sua boca ansiava para provar. O gemido dela fez o membro dele
inflar em resposta. Ele precisava possuí-la. Agora.
Mas não ali.
Infelizmente, Joe recuou a mão devagar e agarrou a coxa dela outra
vez.
Línguas se enredavam, lábios provocavam, dentes mordiscavam. Os
sentidos dele a preenchiam. A mão dele se embolava no cabelo dela. O lado são e
domesticado do cérebro dele avisava que estavam em público, e na iminência de
apresentar um showzinho similar àquele na alcova do andar de baixo. O lado
excitado e selvagem dele berrava que não dava a mínima. Joe precisava sentir o
corpo dela de encontro ao dele, ver como se encaixava, como ela era.
Ele iria enlouquecer se não o fizesse. Logo.
Sabendo que, se não fizesse aquilo agora, ele não conseguiria
mais, Joe se afastou de Demi. O gemido suave em protesto o fez querer dar um
tiro naquela voz sensata e buscar o prazer.
– Vamos sair daqui – disse ele.
Os enormes olhos castanhos o encararam, uma emoção indefinível à
espreita sob o desejo. Então ela piscou e foi como observar uma janela aberta.
Ele conseguiu enxergar o segundo exato em que o cérebro dela voltou a
funcionar, afastando o desejo e raciocinando sobre o que havia acabado de
acontecer.
Não era surpresa alguma ser ele a pessoa a argumentar a favor da
luxúria. Aquela mulher era o controle em pessoa, o que só o deixou mais ávido
pelo momento em que a fizera relaxar completamente.
– Não precisamos pedir bebidas? Você mencionou alguma coisa sobre
consumação mínima – perguntou ela suavemente, a voz estridente e rouca, como se
ela precisasse pigarrear, mas se recusasse a lhe dar tal satisfação.
Ele estava satisfeito, de qualquer modo, e sabia que seu sorriso
triunfante demonstrava isso. Afastar-se era difícil, mas ele soltou a coxa dela
e procurou sua carteira. Tirando uma nota para cobrir o valor das bebidas que
não pediram, ele a jogou na mesa e saiu da baia.
– Vamos, vamos sair daqui – disse Joe. Ele estendeu a mão,
aguardando a decisão dela. Ambos sabiam que aquilo era mais do que uma pergunta
sobre ela estar pronta para ir embora da boate. A aposta, a única com a qual
ele se importava no momento, pairava entre eles.
Ele não ia implorar, mas estava apavorado por desejar fazê-lo.
Então observou Demi inspirar profundamente. Ela pegou a mão dele e saiu da baia
também.
– Você está certo – concordou ela. – Está na hora.
*****
E aí, o que acharam desse capítulo? O próximo é HOT, finalmente. Quem está animada? \o/ alalskas.
Beijos <3
Super ansiosa para o próximo
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Posstaaa por favor.
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